A linguagem do corpo e padrões posturais
- Marcel Guerios
- 6 de nov.
- 3 min de leitura
Alguns anos atrás, ao ler “Linguagem do Corpo” de Cristina Cairo, tive grande resistência em aceitar os conceitos apresentados no livro. Enquanto eu lia sobre padrões corporais e a relação desses padrões com estados emocionais, internamente pensava: “Que falta de sentido. O corpo é daquele jeito por questão genética e essa mulher está querendo enfeitar as coisas”.
Talvez este artigo seja o momento de fazer um “mea culpa” e admitir que eu não estava pronto para ter acesso àquele conhecimento. Pode ser que você esteja na mesma situação em que eu já estive. Se este for o caso, convido você a fazer um exercício.
Imagine a cena de um cachorro feliz. Preste atenção nos detalhes dessa imagem mental. Agora, imagine que algo assustou esse cachorro e ele ficou amedrontado. O corpo desse animal permanece na mesma posição?
Provavelmente, em um piscar de olhos, você mudou da imagem de um cachorro com a cabeça erguida, talvez um pouco saltitante e o rabo balançando livremente de um lado para o outro, para uma imagem do animal com a cabeça baixa, pernas levemente encolhidas, o corpo todo mais próximo ao chão e o rabo recolhido entre as pernas.
O animal é o mesmo, seu código genético não foi alterado, mas as imagens são muito diferentes uma da outra, você concorda? Ainda dando sequência ao nosso exercício, imagine que esse cachorro foi adotado por uma família onde as pessoas não têm paciência com ele. A todo momento ele ouve gritos ou até sofre algumas agressões. O ambiente em que ele vive é totalmente hostil, e a exposição a situações de medo faz parte da existência dele.
Com o passar do tempo, o pobre bichinho vai adotando uma postura corporal sempre retraída. A cabeça e o corpo são quase rastejantes, e o olhar é tímido, numa postura de submissão.
Esse mesmo processo acontece com cada um de nós. Nosso corpo informa muito sobre nosso estado emocional. Quando se trata de uma situação passageira, ficamos em determinada posição por um tempo e depois retornamos à nossa postura original. Quando aquele estado emocional é permanente, a consequência é a mudança do nosso padrão postural.
Com essa mudança nos padrões, começam a surgir problemas de saúde e dores musculares. Nosso corpo todo começa a pedir socorro. Pode ser até que você faça algo para resolver temporariamente a sua dor — um remédio ou uma massagem, por exemplo — mas a exposição ao estímulo causador do desgaste continua lá, e a sua reação a esse estímulo permanece igual. Inevitavelmente, passado o tempo de ação do recurso que você achou para se livrar da dor, ela voltará.
Se agora tudo começou a fazer mais sentido para você, é momento da observação. Preste atenção ao seu corpo. Faça uma espécie de escaneamento dos pés à cabeça, buscando entender cada detalhe. Onde as tensões se concentram? Onde há menos tônus muscular? Será que sua postura é ereta ou há uma tendência a se curvar, retraindo ombros e o quadril, em uma postura de submissão e timidez, quase semelhante à imagem do cachorro com medo?
Como somos seres em que corpo e mente atuam de forma conjunta, o ciclo do padrão postural e das emoções ocorre nos dois sentidos. Uma emoção pode se refletir no corpo, assim como um ajuste na forma de se posicionar pode alterar o seu estado mental. Se em algum momento você se sentir inseguro e perceber o corpo fechado, faça o teste de praticar a postura do super-herói. Abra o seu peito, eleve a cabeça e coloque as mãos na cintura. Nessa posição, faça uma sequência de respirações profundas e provavelmente você passará a se sentir mais seguro, ainda que nada tenha mudado no ambiente.
Nós, do Espaço Holístico Sinergia, entendemos que a nossa prática com massagem vai muito além do toque físico. A nossa proposta é que a sala de atendimento seja um local seguro e acolhedor. Mais do que uma sessão de massagem, é também um momento de escuta, se assim o cliente desejar.
Maxwell Maltz afirma, em Psicocibernética, que “foi provado em experimentos laboratoriais que não sentiremos raiva, medo, ansiedade ou insegurança enquanto nossos músculos permanecerem bem relaxados”. É por isso que uma sessão de massagem pode alterar seu estado mental e sua postura. Durante o relaxamento muscular, seu cérebro não está com o modo de reação ativado, como se houvesse alguma ameaça iminente. Sem estado de alerta, sem músculo tenso e pronto para a reação.
Por isso, quero te encorajar a fazer as pazes com o seu corpo e aprender a ouvi-lo. Se um momento de pausa é necessário para sair do modo reativo, entre em contato e conheça a nossa forma de atuação com massagem e outras terapias.
Leituras recomendadas:
Linguagem do Corpo - Cristina Cairo
Psicocibernética - Maxwell Maltz
O jeito Harvard de ser feliz - Shawn Achor










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